A evolução do sector imobiliário nos últimos anos tem sido bastante positiva, e assente no número crescente de transações imobiliárias.
Um dos principais fatores para a retoma deste sector foi o investimento estrangeiro. O imobiliário português passou a estar na rota deste investimento, o que até então não se havia verificado (ou pelo menos, não em dimensão), tendo sido promovido sobretudo pela criação de programas de captação de investimento, como o Regime Fiscal para Residentes Não Habituais ou o Programa de Autorização de Residência para atividades de Investimento.
Desde então, que as dinâmicas do nosso imobiliário têm vindo a intensificar-se, tendo havido inclusive um contágio positivo do mercado interno, influenciado também pela retoma do crédito à habitação e pelo potencial de valorização e crescimento do sector.
Todas estas condições promoveram a recuperação do mercado habitacional (ainda que a velocidades diferentes nas diferentes regiões do País) tendo contribuído para a melhoria do Economia portuguesa e para a criação de emprego no sector.
Este foi aliás confirmado pelos recentes números do Instituto Nacional de Estatística (INE), que revelam que o ano de 2016 encerrou com cerca de 40 mil cidadãos empregados no sector das atividades imobiliárias, o que corresponde a um crescimento de 43% face ao último trimestre do ano anterior, tendo sido o sector que mais se destacou na criação de emprego.
Não podemos esquecer que o emprego gerado pelo sector imobiliário é muito diverso, pois não se criam apenas empregos diretos (como nas empresas de mediação imobiliária, por exemplo), mas também no sector da construção, cuja empregabilidade registou também melhoras, nomeadamente por via das obras reabilitação urbana que vão sendo feitas pela aquisição, por parte de privados, de ativos que necessitam desta recuperação.
Depois, há também todo um mercado a funcionar em paralelo: a gestão de condomínios, arrendamentos, o alojamento loca, turismo, hotelaria, e por aí adiante.
Nos últimos anos, e com as mudanças a que o sector imobiliário assistiu, sobretudo depois da crise, são notórias as diferenças que se registam no perfil dos profissionais deste mercado.
As empresas procuram pessoas com um perfil comercial mais demarcado e que se adapte aos mercados estrangeiros. A aposta em recursos humanos mais profissionalizados foi, provavelmente, uma das maiores vantagens que a crise trouxe pois os trabalhadores tiveram que se readaptar aos paradigmas e exigências que o mercado impôs. E isso só pôde ser feito através da permanente formação profissional.
Neste aspeto, nova lei da mediação imobiliária que entrou em vigor em 2013 falhou ao ceder na obrigatoriedade da formação contínua específica que deixou de ser obrigatória, perdendo a força que deveria ter, vista a importância e responsabilidade que este sector tem para com a sociedade.
É inegável a importância que o hoje o imobiliário representa na Economia nacional, mas isso acarreta também responsabilidades, que a APEMIP está disposta a assumir em prol da garantia de um sector mais credível e transparente.
Luis Lima
Presidente da APEMIP
luislima@apemip.pt
Publicado no dia 15 de Fevereiro de 2017 no Público