A evolução tecnológica tem colocado nas mãos de todos novos serviços prestados por empresas integradas num modelo de negócio apelidado de “economia de partilha”, que assenta no princípio da partilha de um serviço, permitindo que este seja disponibilizado a preços mais atrativos.

Entre estas empresas, encontramos o fenómeno da “Airbnb”, cujo número de utilizadores tem crescido por todo o mundo, e em particular em Portugal, abrindo o nosso País a turistas das mais diversas nacionalidades e estimulando até rotas que, até então, não eram habituais.

Apesar de alguma controvérsia gerada, nomeadamente com o sector hoteleiro, os resultados desta plataforma revelam ser positivos para o País. E as nossas cidades ganham com isso.

Só em Lisboa, esta plataforma de alojamento cobrou, em 2016, 1.74 milhões de euros, no âmbito da taxa turística criada pela Câmara Municipal (um euro por noite), que reverterá para o Fundo de Desenvolvimento Turístico de Lisboa, destinado a financiar investimentos na cidade.

Já a cidade invicta, viu o seu número de hóspedes aumentar 92%, registando um total de 293 mil visitantes que ficaram alojados em Airbnb. A nível nacional, os anfitriões portugueses receberam no ano passado um número recorde de 1.650.000 de hóspedes, o que equivale a um crescimento de 84% face a 2015.

Para além dos ganhos diretos, os ganhos indiretos também são muito relevantes. Esta plataforma mudou o mercado do alojamento de curta duração, gerando também uma oportunidade de investimento a quem procure uma alternativa rentável no sector imobiliário.

Portugal está na moda para fazer turismo, e por isso, também o turismo residencial tem sido um dos principais combustíveis da recuperação económica do País, através da captação de investimento imobiliário.

Só no espaço de cinco anos, Portugal passou para o pódio dos países que mais capacidade têm para captar investimento estrangeiro para o imobiliário, e desta forma, temos conseguido reabilitar de forma significativa grande parte do nosso património construído que há muito estava abandonado e a necessitar de intervenções urgentes. 

Retomo aliás um estudo da AHRESP, que revelava que só em Lisboa o alojamento local recuperou 40% dos imóveis que estavam desocupados, impulsionando deste modo o mercado de reabilitação urbana na cidade, e a criação de emprego, não só por via do negócio da gestão de alojamento local, mas também no mercado da construção e do imobiliário.

Neste panorama, não há dúvida de que o Turismo Residencial tem sido um grande atrativo para os investidores imobiliários, e isso é bem visível nas obras de Reabilitação Urbana cada vez mais presentes nos centros das cidades. Existe uma dinâmica cíclica naquilo que representa este casamento feliz: o que é positivo para o turismo, sê-lo-á para o imobiliário, e vice-versa.

Os benefícios que este tipo de empresas inseridas na “economia de partilha” representa para a nossa Economia são inúmeros. E o Governo tem por isso um papel fundamental, que é o de regular este mercado, em prol do seu desenvolvimento e não da sua estagnação ou quebra.

Importa por isso que se olhe para o potencial de negócio com uma visão “macro”, como um todo com potencial de gerar emprego e dinamizar a economia no geral, e o sector imobiliário em particular.

O futuro está aqui e a tecnologia faz parte dele. Saibamos adaptar-nos, tentado tirar dela o melhor partido. 

Luis Lima
Presidente da APEMIP
presidente@apemip.pt

Publicado no dia 22 de Fevereiro de 2017 no Público

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