O regresso do Banco Espírito Santo (BES) ao mercado da dívida com uma emissão de 500 milhões de euros em obrigações a cinco anos, três meses depois de idêntica operação concluída com sucesso, quando uma emissão também de 500 milhões acabou por subir até aos 750 milhões de euros face ao comportamento da procura, que ultrapassou largamente a oferta, é mais um bom sinal para a Economia portuguesa.

O mercado de dívida estava ‘fechado’ para os bancos e para as empresas portuguesas desde 2010, admitindo-se que só em finais do corrente ano, princípios de 2014, pudesse ocorrer financiamentos deste tipo, só possíveis face à descida do risco do País, a refletir-se nos seguros de incumprimento da dívida e nas taxas de rentabilidade exigidas pelo mercado para deter obrigações do tesouro.

Estas operações do BES e operações semelhantes já levadas a cabo pela Caixa Geral de Depósitos (CGD) e por empresas portuguesas como a EDP e a PT “desmentiram”, pela antecipação, as previsões da “Troika’”(Fundo Monetário Internacional, Comissão Europeia e Banco Central Europeu), mérito que não é de somenos tendo em conta outras projeções da “Troika” que o país inteiro gostariam de ver também desmentidas.

Registe-se que esta “ousadia” dos principais bancos portugueses pode também ajudar Portugal a regressar aos mercados, cumprindo a meta inicial de Setembro de 2013, o que, a concretizar-se e tendo em conta a situação global da Zona Euro, é um feito não só esperançoso mas  igualmente fundamental para inverter as tendências recessivas da nossa Economia.

Como tive oportunidade de referir aquando do regresso do BES ao financiamento nos mercados,  o acesso dos bancos nacionais aos mercados de financiamento, sem a proteção do Banco Central Europeu (BCE), é uma prova de fogo essencial e difícil, especialmente se for ensaiada um ano antes das mais otimistas perspetivas sobre esta matéria, quer das instâncias europeias, quer do Fundo Monetário Internacional (FMI).

Reduzir a dependência que a banca portuguesa tem relativamente ao Banco Central Europeu é fundamental para o desejável regresso à normalidade. Quando volta a haver sinais, como este, claramente nesse sentido, sinais que também significam manifestações de confiança na Economia Portuguesa, está na hora de os sabermos aproveitar, potenciando-os, numa realmente urgente e reclamada agenda de crescimento.

Eis um exemplo, protagonizado pelo sector privado da nossa Economia, que merece relevo e ser projetado como prova de que crescem as vontades coletivas em reunir esforços que nos devolvam a esperança em readquirir, o mais rapidamente possível, a nossa soberania total no que toca às nossas próprias opções económicas, um dos principais esteios da nossa independência.

Luís Carvalho Lima
Presidente da APEMIP e da CIMLOP – 
Confederação da Construção e do Imobiliário de Língua Oficial Portuguesa
luislima@apemip.pt

(Publicado dia 16 de janeiro de 2013 no Público Imobiliário)

 

Publicado no dia 16 de janeiro de 2013 no Público

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