Em Outubro de 2009, regressando de um périplo por fóruns e feiras imobiliárias que me levou a São Petersburgo e a Munique, à frente de uma delegação da Associação de Profissionais e Empresas da Mediação Imobiliária de Portugal (APEMIP), justificava publicamente essa viagem como obrigatória para quem se empenha em promover o imobiliário português, numa internacionalização quase vital para o futuro do sector e para o contributo que este pode e deve dar, no esforço de recuperação económica do país.

Só no último trimestre de 2009, entre Moscovo e S. Petersburgo, passando por Munique, Londres e Madrid e, do outro lado do Atlântico, por Boston, por San Diego, por Nova Iorque e por Toronto, só nesse trimestre, dei quase duas voltas ao Mundo a percorrer, como presidente da APEMIP, mais de 40 mil quilómetros na promoção do imobiliário português. Já então, considerava esse esforço de captação de investimento estrangeiro para o imobiliário português fundamental para a recuperação económica do país. 

Manifestava-me então convicto de que este nosso papel, quase diplomático, acabaria por ser apoiado e reconhecido. Na realidade, o que a APEMIP tem vindo a fazer desde então, em feiras imobiliárias da Europa (como a Inforeal de São Petersburgo ou a Expo Real de Munique), da América, seja no Norte, nos Estados Unidos e no Canadá, ou no Sul, centrados no Brasil, ou até em mercados emergentes como o de Angola, é, muito mais do que “vender” o nosso sol, uma verdadeiro exercício de diplomacia económica.

No momento actual, não apenas como presidente da APEMIP, mas também como presidente da Confederação do Imobiliário de Língua Oficial Portuguesa (CIMLOP), em cuja constituição orgulhosamente muito me empenhei, só posso sublinhar e aplaudir as palavras do Senhor Ministro de Estado e Ministro dos Negócios Estrangeiros, Dr. Paulo Portas, quando defende que as embaixadas e consulados portugueses se assumam também como centros de promoção das marcas, das empresas e dos produtos portugueses.

Um deles é o mercado imobiliário português, realmente uma boa alternativa para o capital estrangeiro que gosta de investir neste sector, em segurança, e uma boa porta para captação de investimentos estrangeiros em mercados firmados e em mercados emergentes, porque, na verdade, já oferecemos muito mais do que apenas um clima ameno e um clima de segurança social generalizado.

Digo-o com a autoridade de representar um dos sectores empresariais e profissionais que melhores condições possui para desenvolver acções indispensáveis de city marketing, credibilizadas pela transparência e pela segurança e viradas, no terreno, para a captação de investimentos que podem ser fundamentais para o nosso próprio e urgente desenvolvimento sustentável.

Parafraseando Garrett nas “Viagens na Minha Terra” digo, como ele, que será aceitável que alguém que viva em Turim, cidade quase tão fria como São Petersburgo, possa limitar-se a viajar à roda do seu quarto… Mas entre nós, “com este clima, com este ar que Deus nos deu, onde a laranjeira cresce na horta, e o mato é de murta, o próprio Xavier de Maistre (…), ao menos ia até o quintal”.

E o nosso quintal, como se sabe, tem de ser hoje muito mais vasto que um simples passeio entre Lisboa e Santarém. A Construção e o Imobiliário portugueses para continuarem a cumprir a nobre tarefa de contribuir para desenvolvimento sustentado do nosso país não podem limitar-se a viajar à roda de um quarto, tolhidos pelo frio e pela ausência de horizontes. Horizontes que também são importantes no mundo dos negócios.

Luís Lima

Presidente da APEMIP

luis.lima@apemip.pt

Publicado no dia 09 de Novembro de 2011 no Público

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