Um amigo meu testemunha que um dos momentos mais intensos e emocionantes da vida dele ocorreu, em Setembro de 1988, quando, em Paris, viu, altas da madrugada, na solidão de um quarto de hotel e através da transmissão directa de um canal de televisão, a nossa Rosa Mota ganhar o ouro da maratona feminina dos Jogos Olímpicos de Seoul.
Ainda hoje, 22 anos passados, ele dificilmente consegue conter alguma comoção, quando evoca aquela memória, como que num eco da profunda emoção e não menos orgulhoso sentimento que o feito da Rosa Mota provocou na esmagadora maioria dos portugueses, um feito tão intenso e agradável que passamos, quase todos, a nomear a atleta de “nossa” Rosa Mota.
Algumas manifestações desportivas têm a magia de nos fazer unir numa acção de patriotismo, no seu aspecto mais fraterno e saudável (e que também contempla o respeito pelos outros), manifestação tanto mais legítima quanto aquece as nossas almas e eleva a nossa auto-estima num esforço fundamental para levar de vencida outros desafios.
As vitórias de Mourinho, em Londres ou em Milão (com a recente consagração do treinador quando a FIFA o considerou o melhor do Mundo em 2010), a par de outros “feitos” de outros compatriotas, são bálsamo para o nosso orgulho tantas vezes e tão injustamente ferido, nomeadamente no plano da Economia. Somos bons a correr e a chutar na bola mas também a superar outros desafios. Não nos esqueçamos.
Luís Carvalho Lima
Presidente da APEMIP
Publicado dia 26 de Janeiro de 2011 no Diário Económico