Um músico, mais do que cantor, como ele diz, por considerar que “toca voz”, um músico que caminha para as bodas de ouro da fundação dos “Sheiks” celebrizou um tema onde proclama que “Dez anos, é muito tempo, muitos dias, muitas horas a cantar”. 

No caso dele, aos primeiros dez anos sucederam-lhe outras décadas sempre com o apoio do público e com uma matriz tão harmónica que, há canções velhinhas que ainda hoje se ouvem com agrado como essa Nini dos 15 anos de todos nós, que vestia de organdi e dançava, dançava uma dança sem fim.

O que também parece não ter fim é a vocação política de retardar soluções pelo esquecimento de pequenas e intermédias decisões sem as quais os grandes objectivos não avançam. É o caso da dinamização do mercado de arrendamento urbano um projecto tão adiado que em dez anos não conseguiu arrancar.

De facto, esta última década foram dez anos perdidos para o arrendamento, por muito que queiramos acreditar que algumas dezenas de milhares de ruínas são prédios que, estatisticamente, se oferecem para o arrendamento e, já agora, também para a reabilitação.

As sucessivas boas declarações de intenção de vários governos sobre esta matéria esbarraram, como hoje esbarram, na morosidade das acções de despejo por incumprimento de contrato e na ausência de uma justiça fiscal para o sector só alcançável com uma taxa liberatória para os rendimentos deste mercado.

Nós, que perseguimos o objectivo de reabilitar as nossas cidades, o que jamais se fará sem um mercado de arrendamento digno desse nome, não temos mais dez anos para desperdiçar.

Luís Lima

Presidente da APEMIP

luis.lima@apemip.pt

 

Publicado no dia 19 de Novembro de 2011 no Expresso

Translate »