Discernimento é reconhecer, como o fez recentemente a responsável máxima do Fundo Monetário Internacional (FMI) Christine Lagarde, que os projetados e brutais ajustes orçamentais não têm de ser alcançados na mais louca das velocidades e que tal precipitação pode ser fatal.

Discernimento é ter uma perspetiva de longo prazo e reconhecer, como também o fez na mesma ocasião Christine Lagarde “erros” cometidos na avaliação incorreta de algumas políticas aplicadas em certos países, nomeadamente quando baseadas em parâmetros que não se verificaram.

Discernimento é manter o rigor nestas autocríticas, mesmo quando elas são distorcidas e mal interpretadas por terceiros como aconteceu as duas recentes revisões de posições por parte do FMI, inesperadamente rebatidas por entidades que deveriam estar em consonância com o próprio FMI.

Discernimento é sublinhar, como também o fez Christine Lagarde,  que a recuperação do crescimento económico é essencial para as Economias de Mercados por ser este “o melhor provedor de emprego” e por haver mais de  200 milhões de desempregados no mundo, 12% dos quais na Zona Euro.

Discernimento é manter a vigilância permanente em relação às instituições financeiras, contribuindo para evitar crises de liquidez, mas sem por em causa o papel insubstituível do próprio sistema no financiamento da Economia e na consequente criação de riqueza e de emprego, papel que aliás deve ser incentivado.

Discernimento é promover as reformas estruturais indispensáveis ao aumento da produtividade mas sem que tal remédio ponha em risco os equilíbrios mínimos necessários para que as economias enfrentem os perigos de estagnação ou recessão que as coloquem num ciclo vicioso de difícil saída.

Discernimento é tudo fazer para gerar mais emprego em Portugal, condição necessária para gerar a riqueza necessária para pagarmos o que pedimos emprestado e para satisfazer as nossas necessidades coletivas e individuais, no quadro da liberdade que os Estados de Direito e os Estados Sociais devem proporcionar.

Discernimento é concretizar uma feliz campanha publicitária que fez dos sons de uma economia em movimento uma verdadeira sinfonia resultante da harmonia sonora de um país que realmente só se desenvolve se tiver meios para investir, produzindo o suficiente para garantir as nossas obrigações para com terceiros, sem hipotecar a satisfação das nossas necessidades.

Discernimento é saber evitar a temível espiral recessiva que ameaça o empobrecimento da classe média em vez de promover um movimento inverso no sentido da promoção, na pirâmide social, dos sectores mais desfavorecidos e mais fragilizados da sociedade, fortalecendo desta forma o mercado interno fundamental à recuperação.

Luís Lima
Presidente da CIMLOP
Confederação da Construção e do Imobiliário de Língua Oficial Portuguesa
presidente@cimlop.com

Publicado no dia 15 de Julho de 2013 no Diário Económico

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