Tão importante como correr Mundo a promover o nosso imobiliário, um Portugal imobiliário que se projecta, por exemplo,  no turismo residencial como um bom e seguro investimento capaz de captar capitais estrangeiros, tão importante como desenvolver essa magistratura diplomática de que falei, na semana passada, neste mesmo espaço, tão importante como isto, é garantir que somos capazes de remar no mesmo sentido.

Hoje, sabemos que, pelas características do principal produto do mercado imobiliário, o ritmo é, em primeira linha, determinado pela procura. Sabemos que é, de facto, o consumidor quem dita as regras do jogo, mesmo quando julgamos o contrário ou julgamos que são eficazes estratégias que ignoram esta componente.

E sabemos que a Mediação Imobiliária pode ser a principal chave de uma eficaz aproximação entre a Oferta e a Procura, se puder influenciar a oferta na hora da decisão de criar essa mesma oferta, como várias vezes tenho referido, e como julgo ser uma das principais vocações da própria mediação imobiliária.

Mas tudo isto pode ser ineficaz e inútil se não tivermos, todos nós, a preocupação de remar no mesmo sentido da maré, ou contra a maré, mas sempre no mesmo sentido, não se compreendendo, por exemplo, que o esforço de promoção turística de um país ou de uma região seja traído pelo desadequado horário de funcionamento de uma atracção turística. Estou a pensar, por exemplo, nos castelos que fecham nos dias e às horas mais próprias para os turistas… e noutras contrariedades.

O que as crises sempre acrescentam, são mudanças de paradigmas de actuação nos sectores e mercados atingidos. Podemos apostar no poder atractivo das nossas cidades com história, mas não há estratégia de city marketing que resulte se não conseguirmos, simultaneamente, fazer com todos compreendam a necessidade de mudar de paradigma de actuação, nomeadamente no que respeita à qualidade que devemos incentivar e desenvolver à nossa, dizem que inata, aptidão para bem receber.

Como há pouco tempo pude sublinhar, o velho mediador imobiliário, que se confundia com um motorista de um táxi sem bandeirada, que levava potenciais interessados na aquisição de casas aos empreendimentos que, previamente angariara para venda, morreu há muito. Hoje, o mediador é um consultor cuja opinião começa a ser escutada na hora da formação de promoção imobiliária, um especialista escudado em organizações que lhe asseguram a riqueza e diversidade dos múltiplos saberes que qualquer recuperação económica requer.

Desde que saibamos todos o sentido da maré, e desde que todos queiram remar nesse mesmo sentido.

Luís Carvalho Lima
Presidente da Direcção Nacional da APEMIP

Publicado dia 2 de Dezembro de 2009 no Público Imobiliário

Translate »