Os bens imobiliários são, como o próprio nome indica, “indeslocáveis”, o que impede, por exemplo, que o excesso de oferta em certa localização possa ser transferido para uma localização onde a procura seja muito superior à oferta. Esta óbvia realidade faz com que não seja rigoroso falar-se de uns milhares de fogos em oferta no mercado do arrendamento urbano.
Há, inegavelmente, oferta que não encontra procura em determinadas localizações, mas o equilíbrio que se deseja e a Economia exige está, por estranho que pareça na oferta, considerando que esta continua a não dar resposta à procura real, já que grande parte dos ativos fixa-se em locais onde realmente não existe procura. Não esquecendo que muita da oferta existente reclama preços proibitivos para a grande parte das famílias portuguesas.
Esta realidade e a inércia em que caiu a Comissão de Monitorização da Lei do Arrendamento Urbano, criada com o objetivo de debater a aplicabilidade da nova lei e ajustar propor medidas que harmonizassem os interesses dos inquilinos, dos proprietários e dos demais agentes que operam neste mercado, levou a Associação de Profissionais e Empresas de mediação Imobiliária de Portugal (APEMIP) a que presido, a elaborar um estudo que marcasse o ponto de situação sobre a evolução do mercado de arrendamento urbano em Portugal.
Este foi apresentado na passada segundo, num encontro, aberto à Imprensa, que mobilizou a esmagadora maioria das associações empresariais do sector, sendo um estudo significativo que cruza a oferta com a procura no importante mercado do Arrendamento Urbano, um mercado que está ainda longe de atingir a vocação que possui, apesar dos esforços encetados nesse sentido.
A Lei do Arrendamento Urbano não precisa de alterações drásticas, mas precisa de mudanças estratégicas que promovam a sua real dinamização. Precisa de um seguro de renda que tarde a ser criado e precisa que a sensibilidade e o conhecimento do sector que as empresas que nela atuam possuem possa ser levada em conta, nomeadamente através das associações empresariais ligadas ao imobiliário.
Os mercados funcionam assim.
Luís Lima
Presidente da APEMIP
Associação dos Profissionais e Empresas de Mediação Imobiliária de Portugal
presidente@apemip.pt
Publicado no dia 15 de Junho de 2015 no Diário Económico