Li em tempos, naquelas leituras que nos chamam à atenção, que “O Homem do Fraque”, a conhecida empresa de cobranças difíceis, terá detetado pessoas que se faziam passar por seus colaboradores, enganando clientes e utilizando, abusivamente, a marca registada “O Homem do Fraque”.
Já este ano, segundo divulgou a Imprensa, o Tribunal da Relação do Porto condenou um “cobrador do fraque” que durante dois meses perseguiu, ameaçou e insultou uma senhora, tentando, com este vistoso e polémico método, declaradamente “criar ambiente” para que ela lhe pagasse uma dívida que, afinal, nem existia.
Esta provada tentativa de enxovalho, no caso com violência psíquica, materializada em perseguições e ameaças, foi considerada pelo Tribunal como configurando os crimes de coação e injúrias, tribunal que, em consequência, condenou o cobrador a uma pena suspensa de um ano e quatro meses de prisão e a pagar mil euros de indemnização à vítima.
Se eu tivesse lido estas curiosidades hoje, depois do meu bom nome ter aparecido numa campanha difamatória onde eram levantadas suspeitas, falsas e graves, sobre as contas da Associação empresarial a que presido, talvez essas leituras não me merecessem o sorriso que eventualmente terei esboçado quando realmente as li.
Hoje sei quão perversa pode ser uma comunicação “engenhada”, assente em informações objetivamente falsas, em informações claramente distorcidas e em citações descontextualizadas e quão difícil, em alguns aspetos impossível, é anular os prejuízos causados.
A Assembleia Geral da APEMIP, uma das mais concorridas de sempre, aprovou por larga maioria o relatório e as contas do exercício de 2012. A Assembleia Geral da APEMIP aprovou, também por larga maioria, o Plano de Atividades para 2013, mas aqueles que infundadamente pretendiam o contrário ainda sorriem.
Apesar da Assembleia Geral da APEMIP ter aprovado, por esmagadora maioria, um voto de repúdio pela estratégia de uma minoria, identificadamente liderada por um associado presente na Assembleia (o único que votou contra), minoria que não se coibiu de fornecer informações falsas, distorcidas e descontextualizadas como as que saíram “convenientemente” do dia da Assembleia.
Hoje consigo ter uma ideia mais aproximada de como se sentem as vítimas dos falsos cobradores de fraque e aproveito este caso, que reputo mais grave do que os casos que os Tribunais de Polícia julgariam em processos sumaríssimos, no âmbito das jurisdições ditas inferiores ou de proximidade, para refletir sobre o papal do movimento associativo empresarial na conciliação dos interesses das empresas específicas com os interesses da Economia do país que também devem estar presentes na hora em que avaliamos, com venho dizendo, o que tem de ser feito, como tem de ser feito e com que meios.
Reconheço que defendo esta minha visão empresarial, global e empenhada, resistindo a ceder às tentações corporativas e defendendo o que considero ser a nossa vocação como parceiros sociais empenhados no esforço de recuperação da nossa Economia, opção que considero mais vantajosa para todas as empresas.
O que devia – termino – pôr-me a salvo dos falsos cobradores de fraque.
Luis Lima
Presidente da APEMIP – Associação dos Profissionais e Empresas de Mediação Imobiliária de Portugal
luislima@apemip.pt
Publicado no dia 01 de Julho de 2013 no Jornal i