A capacidade com que, muitas vezes, passamos do mais depressivo pessimismo para o mais eufórico dos optimismos não é a melhor receita para tudo na vida, incluindo para os negócios que desejamos fazer no nosso mercado imobiliário, seja com estrangeiros seja com portugueses.

A procura da nossa oferta imobiliária por parte de estrangeiros tem vindo a crescer e a consolidar-se mas não devemos deixar que a euforia se apodere do nosso estado de espírito, sob pena de perdermos a serenidade necessária ao equilíbrio de qualquer mercado.

Ainda há pouco tempo, por questões circunstanciais relacionadas com suspeitas de práticas de corrupção, houve quem diabolizasse o programa de Autorizações de Residência para Investimento (ARI) mais conhecido por Vistos Gold, em contraste com recentes manifestações de euforia pela procura imobiliária que voltou a verificar-se com base na transação de imóveis.

Nem oito nem oitenta. Se as estrelas imobiliárias que estavam disponíveis no Parque das Nações já encontraram, na sua maioria, quem as desejasse e pudesse concretizar esse desejo, não é – estamos todos de acordo – razão para erguer uma nova EXPO na esperança de uma contínua colocação de bens imobiliários.

Como sempre disse, a procura externa (que garante a qualidade da nossa oferta imobiliária e a boa fama da nossa hospitalidade a abertura aos outros) tem ajudado à recuperação da Economia e tem dinamizado o próprio mercado interno. Há uma boa onda no sector mas não podemos embandeirar em arco.

Há ainda espaço para crescer, por exemplo no mercado do Turismo Residencial, que está, entre nós ainda longe dos valores que se verificam nos grandes destinos da União Europeia mas apenas por falta de divulgação eficaz e adequada da nossa oferta que se impõe não apenas na relação preço/qualidade mas principalmente na excelência do nosso país enquanto país de acolhimento de estrangeiros, na insuspeita apreciação dos próprios estrangeiros.

Tudo isto sem, naturalmente, um pessimismo que queremos definitivamente esquecer, mas também sem euforias excessivas que, muitas vezes, podem deitar muito a perder.

Luís Lima
Presidente da CIMLOP
Confederação da Construção e do Imobiliário de Língua Oficial Portuguesa
presidente@cimlop.com

Publicado no dia 23 de Março de 2015 no Diário Económico

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