Gostemos ou não da existência da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN ou NATO se utilizarmos a sigla corresponde à designação em Inglês), a verdade é que a realização, em Lisboa, da recente cimeira da organização foi uma prova mais do que superada da própria capacidade de Portugal e dos portugueses, para levar a bom porto uma tarefa delicada e difícil.

Receber, em segurança, líderes mundiais que mobilizam a atenção do Mundo, como é o caso dos presidentes dos Estados Unidos da América e da Rússia, este último convidado da cimeira, não é tarefa simples, tanto mais quanto é verdadeiramente obrigatório, num desafio desta natureza, que os objectivos sejam mesmo alcançados e não apenas que se faça tudo o que esteja ao nosso alcance para o efeito.

Há momentos em que não basta tentar fazer o melhor. Há momentos em que é mesmo preciso fazer o melhor. Para nosso orgulho, nesses momentos temos conseguido superar essas provas, como mais uma vez aconteceu no decorrer da recente Cimeira da OTAN / NATO, numa demonstração cabal e pública das nossas capacidades.

Não somos só bons na capacidade de reinventarmos as nossas fontes de energia alternativa, qualidade e feito a calar tão fundo em Barack Obama, que o presidente dos Estados Unidos da América não poupou elogios a Portugal, considerando o nosso país um exemplo pela positiva do compromisso entre crescimento e desenvolvimento sustentável. Somos bons em muitas outras frentes, e disto, devemo-nos orgulhar.

Pena é que o reconhecimento que devemos reclamar, nem sempre chegue quando devia chegar. Não basta que durante alguns dias, este sucesso, tenha gerado uma espécie de tréguas nacionais, sem o ruído dos constantes tiros nos pés nos mídia, ou seja, sem o massacre de uma crónica auto-flagelação que não pára de dizer mal e de chamar o FMI e outros bombeiros involuntários.

Até as manifestações dos que discordam da OTAN / NATO e da agenda desta organização foram cumpridas, num quadro exemplar de vivência democrática ao contrário do que acontece, não raras vezes, em países que se apresentam aos olhos do Mundo como exemplos de cidadania, mas nem sempre conseguem que a convivência de gente com pensamentos muito diversos possa ser pacífica.

Parece que só não vê esta nossa capacidade, que se reflectiu no sucesso da Cimeira da OTAN/NATO, quem está mais empenhado em encontrar pretextos para forçar situações convenientes para terceiros, quem, com alma usurária e a estranha complacência de D. Ângela Merkel, revende dinheiro que salvou à custa de quem agora o tem de comprar. A capacidade de Portugal é a cara chapada da mulher de César – não basta ser séria, é preciso parecer que é séria.

Luís Carvalho Lima
Presidente da Direcção Nacional da APEMIP

Publicado dia 3 de Dezembro de 2010 no Sol

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