No mundo dos negócios, desconhecer que em época de crise, quando paira o espectro da recessão e as incertezas são mais do que muitas, uma das atitudes certas é aumentar a publicidade, as acções de marketing e a formação, desconhecer esta verdade mais do que comprovada pode ser fatal.
A tentação de escolher a publicidade e o marketing como primeiro investimento a reduzir em época de aperto, é um erro infelizmente muito clássico e não apenas para empresas que transformam matérias primas em produtos finais, destinados a ser comercializados no respectivo mercado. É um erro que nem as cidades nem os países podem cometer.
A caminho de Munique, vindo do International Real Estate Forum (Inforeal), uma feira do imobiliário que se realizou em São Petersburgo nos primeiros quatro dias do presente mês de Outubro, sou obrigado a reflectir sobre esta problemática quando comparo a presença da Espanha com a presença de Portugal neste fórum da Rússia.
Em São Petersburgo, uma das principais cidades de uma Rússia, que é claramente, uma das economias emergentes, a Espanha, da enorme bolha imobiliária, uma Espanha que ainda está longe da desejada convalescença que se seguirá à presente crise, apresentou-se na Inforeal com uma força ímpar, promovendo-se como destino turístico e de investimento.
Contrastando com esta realidade, a delegação da Associação dos Profissionais e Empresas de Mediação Imobiliária de Portugal (APEMIP) ao International Real Estate Forum, delegação que eu chefiei, não contava, nem de longe nem de perto, com os apoios oficiais que Madrid concedeu à delegação espanhola.
Mesmo assim, assinamos um importante protocolo cooperação a Russian Guild of Realtors (RGR), associação homóloga da APEMIP, parceria que vai permitir às empresas associadas de ambas as instituições, uma troca de informações actualizadas e fidedignas sobre o estado do sector imobiliário dos dois países, tendo em vista o investimento no sector.
No momento presente, o esforço de economias como a portuguesa, deve também, virar-se para a internacionalização do mercado imobiliário, e deve, neste campo, poder contar – como sempre tenho defendido – com o contributo de associações empresariais, como a APEMIP, devida e oficialmente apoiadas.
A lição russa da Espanha é eloquente e digna de registo. E nós que resistimos melhor às vicissitudes da crise financeira internacional, podemos não estar a aproveitar esta vantagem relativa quando nos deixamos ultrapassar pela esquerda nesta auto-estrada do city-marketing do nosso sector imobiliário, tão bom como os melhores mais pouco promovido.
Luís Carvalho Lima
Presidente da Direcção Nacional da APEMIP
Publicado dia 7 de Outubro de 2009 no Público Imobiliário