Li, há dias, num jornal nacional, a toda a largura de uma das páginas de informação regional, que um reformado, bancário de profissão, encontrou, na via pública, um maço de notas num montante superior a dois mil euros, e não descansou enquanto não descobriu o legítimo proprietário a quem entregou o dinheiro recusando qualquer recompensa pelo acto.

Herdamos esta honradez para sempre no gesto de Egas Moniz, aio de D. Afonso Henriques, que se apresentou a Afonso VII, juntamente com a mulher e os filhos, de corda ao pescoço, para honrar um compromisso que tinha avalizado mas que Afonso Henriques entretanto quebrara politicamente. Somos um povo que paga as suas dívidas embora exija condições adequadas para o fazer.
 
Não deveria ser preciso lembrá-lo com o exemplo da destacada notícia que cito e que contrasta com as mensagens negativistas a que normalmente damos mais relevo, mas, às vezes até entre nós, é bom sublinhar este traço do nosso carácter para o contrapor aos que insistem em olhar-nos como gente que não sabe honrar os seus compromissos e as suas obrigações.
 
Nem sempre, muitas vezes por razões a que somos alheios, conseguiremos pagar no momento que desejaríamos e que seria o momento próprio se as condições inicialmente verificadas e projectadas tivessem sido mantidas, mas fazemos sempre tudo para cumprir com a nossa obrigação, nem que isso demore mais tempo. Certezas que alguns poderosos, internos e externos,  deveriam assimilar.
 
Luís Lima
Presidente da APEMIP
luis.lima@apemip.pt

Publicado no dia 21 de Novembro de 2011 no Jornal i

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