“O futuro do sector imobiliário: desafios e constrangimentos” foi o tema escolhido para a Conferência SIP 2018, uma conferência que, sob o olhar dos diversos participantes com múltiplos saberes que cruzam este mercado, fez um apanhado do momento que se vive e daquilo que nos espera no futuro do sector.

No primeiro painel, Helena Roseta falou sobre o projeto da lei de bases da habitação e lançou um necessário alerta para as iniciativas parlamentares que sugiram alterações à lei do Alojamento Local ou do Arrendamento Urbano, lembrando que as mesmas poderão trazer consequências negativas ao bom momento que o mercado hoje vive.

A par disso, referiu também que os profundos desequilíbrios que existem no mercado, não só de arrendamento como de compra e venda, são o verdadeiro responsável pelos problemas habitacionais que hoje se vivem.

Helena Roseta corroborou assim o algumas das bandeiras que tenho defendido enquanto Presidente da APEMIP, nomeadamente no que diz respeito à necessidade de o Estado intervir no mercado para colmatar as necessidades habitacionais que hoje se vivem, promovendo a oferta a preços acessíveis, sem colocar em causa o investimento estrangeiro que o sector imobiliário tem recebido e que foi um dos principais responsáveis pela retoma deste mercado.

A sua intervenção, que foi ouvida por mais de duzentos participantes nesta conferência, deixou no ar que é necessário ter cautelas para que não se mate o mercado, e estas cautelas só podem ser tidas se o Estado e os partidos ouvirem  os verdadeiros agentes do sector e se forem postos na balança todos os prós e contras de eventuais medidas que se queiram tomar. Neste aspeto, devolvo o elogio que me foi feito pela arquiteta, e agradeço verdadeiramente pelo seu continuado esforço em escutar quem nele atua, promovendo as necessárias sinergias entre o Governo e o mercado.

Num momento como o que vivemos, em que os problemas habitacionais estão cada vez mais na ordem do dia, não nos podemos deixar levar por populismos que possam ter um resultado inverso àquele que se pretende.

Recordo por isso uma das primeiras missões empresariais que fiz ao estrangeiro, no Brasil, com o intuito de promover o imobiliário nacional e em que esteve presente o então Presidente da Câmara Municipal de Lisboa, António Costa, que defendia ele mesmo que todas as alterações legislativas, nomeadamente as fiscais, deveriam ser sempre muito bem avaliadas sob pena de poderem resultar em consequências negativas não só para o mercado como para a economia.

Urge por isso dar as respostas necessárias a este sector que apela à necessária promoção do equilíbrio entre a oferta e a procura, que só se fará se houver um verdadeiro regresso à construção nova, aliado a um projeto governamental que apoie a oferta de preços acessíveis para o mercado, quer de arrendamento, quer de compra e venda, e que possa assim dar resposta às necessidades dos jovens e famílias portuguesas.

O futuro reserva-nos decerto, desafios e constrangimentos. Cabe-nos a todos transformar estes constrangimentos em desafios que possam ser ganhos, trabalhando sempre em conjunto para o bem dos cidadãos e da economia nacional.


Luís Lima
Presidente da APEMIP

Luislima@apemip.pt

 

 

 

 

 

Publicado no dia 20 de junho no Jornal Público

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