O desemprego continua a subir em Portugal. 2011 fechou com uma taxa de 13,6%, muito provavelmente a mais elevada de sempre, pelo menos desde que há registos. Estes que agora vieram a público são da Eurostat e colocam-nos como o quarto pior país da Zona Euro em matéria de desemprego, se admitirmos que a Grécia, cujos dados ainda não são conhecidos, possa estar pior.
A agravar esta já de si grave situação acresce que está também a crescer o número de desempregados que não recebem qualquer subsídio de desemprego. A taxa de cobertura deste subsídio tem vindo a crescer e baixou para 52%, menos quase 20% do que em 2009, num retrato muito depauperado do nosso Estado Social. Este é um dos principais problemas que todos nós enfrentamos.
Todos nós, portugueses, e todos os europeus da União politica em que nos inserimos, como aliás o provam as posições assumidas pelo presidente da Comissão Europeia, Durão Barroso, que dirigiu aos primeiros-ministros dos estados membros mais atingidos por este flagelo, uma carta a sublinhar a urgência na adoção de medidas que possam minorar a situação, principalmente entre os jovens.
Esta é mais uma razão pela qual importa dinamizar o setor da Construção e do Imobiliário, um dos mais atingidos pelo desemprego e pelo desemprego de longa duração entre trabalhadores de menor formação profissional e de idade média suficientemente elevada para dificultar o reingresso no mercado de trabalho mas insuficiente para o conduzir a uma situação de reforma, mesmo com penalizações.
A criação de condições para aquela dinamização do setor passa, como muita gente tem vindo a defender, pela adoção de medidas inteligentes que consigam captar investimentos e com eles relançar um setor que é também um índice do próprio estado da Economia do pais. O pais não precisará de voltar a ser um enorme estaleiro de obras de Norte a Sul, mas não pode reformar, de um momento para o outro, todas as gruas. Até porque muitas delas ainda são muito necessárias, pois ainda há muito trabalho que delas precisam.
Luís Lima
Presidente da APEMIP
luis.lima@apemip.pt
Publicado no dia 04 de Fevereiro de 2012 no Jornal de Notícias