Este advérbio de 29 letras,  anticonstitucionalissimamente, é a maior palavra da língua portuguesa e aplica-se para descrever um comportamento considerado muito anticonstitucional. Tem mais duas letras do que inconstitucionalissimamente que é a terceira maior palavra do Português (a segunda maior palavra é oftalmotorrinolaringologista) e é, como qualquer outra das suas duas enormes damas de honor, difícil de pronunciar.

O que é também, pelo menos simbolicamente, muito anticonstitucional, na exacta medida em que atentará contra o bom ambiente político, social e económico que a mãe de todas as leis pretende assegurar, é esta permanente incerteza, mais cheia de recuos do que de avanços, que tem vindo a despontar na pública discussão do Orçamento de Estado para 2013, assustando e paralisando o país.

Entre aqueles que dizem que, o Orçamento de Estado para 2013 não é susceptível de ser melhorado na especialidade e aqueles que a propósito da anunciada impotência em aprovar um OE que facilite uma agenda de crescimento dizem que já devia ter sido revelado o verdadeiro estado da nossa Economia (seja ele qual for) nasce a flor da descrença que só se compara às rosas nos espinhos.

E como a flor da descrença gera alergias contagiantes, tudo à volta vai ganhando as cores escuras da apatia, da falta generalizada de confiança, da aceitação do destino por mais triste que ele se apresente, sentimentos que traduzidos para a linguagem e para os efeitos colaterais económicos projectam-se em mais desemprego e em mais recessão. Tudo bons ingredientes para o insucesso

Eu próprio, que me orgulho de tentar remar contra a maré, insuflando ânimo quando o pessimismo parece generalizar-se, sinto necessidade de sublinhar este momento difícil e de alertar para a urgência em dar a volta a este estado de coisas, a esta mentalidade, mesmo sabendo que a tarefa não se apresenta fácil e poderá exigir rupturas com as nossas próprias soluções habituais.

Não pretendo, com esta minha reflexão, mais do que testemunhar, como empresário e como dirigente do movimento associativo empresarial, este sentimento generalizado de impotência que vai crescendo em muitas empresas que querem corresponder aos desafios que se colocam ao país, esperando que o país possa criar condições para tal, até através do Orçamento de Estado.

O presente OE ficará como um dos mais discutidos de sempre mas, nem por isso, será um dos mais consensuais ou, muito menos, um orçamento de boa memória. Pelo contrário, arrisca-se a ser um dos piores e menos exequíveis orçamentos de Estado da nossa jovem Democracia. Anticonstitucionalissimamente, ou não.

Luís Lima Presidente da APEMIP e da CIMLOP

Confederação da Construlção e do Imobiliário de Língua Oficial Portuguesa

luis.lima@apemip.pt

Publicado no dia 12 de novembro de 2012 no Diário Económico

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