Novas notícias a dar conta da continuada queda do valor médio da avaliação bancária de habitação em Portugal fazem-me voltar a um tema que é demasiado importante para continuar a ser encarado assim.

Nada justifica esta quase auto-desvalorização que contínua subavaliação do património indicia, nem mesmo a ânsia em resolver, de qualquer maneira, um problema que queremos eliminar.

Julgo que é um dado adquirido que já nem os grandes compradores / investidores, eventualmente tentados por um preço que parece muito atrativo, consideram estes potenciais negócios vantajosos.

Sem ignorar a desvalorização generalizada que a subavaliação inevitavelmente gera, desvalorização que atingirá todo o bem imobiliário, mesmo o que não está em oferta para venda, importa salientar outros efeitos colaterais indesejáveis.

Como será possível continuar a pensar em cativar investimentos estrangeiros e até poupanças nacionais para o nosso mercado imobiliário se o tratamos, continuamente, como quem varre lixo para debaixo do tapete?

Um mercado imobiliário como o nosso, claramente caraterizado pela ausência de qualquer bolha de preços, pode e deve assumir-se com um destino seguro para os chamados investimentos que a crise financeira mundial tornou órfãos.

Mas isto nunca acontecerá se continuarmos a meter a cabeça na areia como a avestruz e a desvalorizar, como se não houvesse amanhã, o que não merece nem tem de ser desvalorizado. 

Não só haverá amanhã, como este amanhã passa pela riqueza que fomos construindo ao longo do tempo, uma riqueza que não podemos desprezar como quem despreza e delapida uma herança inesperada.

Luís Lima

Presidente da APEMIP e da CIMLOP – 

Confederação da Construção e do Imobiliário de Língua Oficial Portuguesa

luislima@apemip.pt

Publicado no dia 31 de dezembro de 2012 no Jornal i

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