Há na linguagem diplomática que marca certos momentos políticos, como o que assistimos atualmente nos conflitos centrados na Síria, palavras fundamentais que também deviamos utilizar nos nossos discursos, especialmente quando também sentimos que sem diplomacia será impossível alcançar o que desejamos – uma dessas palavras é a palavra contençāo, presente em todos os comentários que contam sobre a violação do espaço aéreo da Turquia por aviões militares russos.
Ter contençāo não é um exercício de hipocrisia mas um exercício de inteligência. Quando temos, obrigatoriamente, de contar com os outros, temos de ser contidos nos nossos impulsos mais interiorizados e procurar incluir, evitando a tentação da exclusão que sempra fecha portas e fecha portas que a curto prazo poderão ser muito importantes para atingir os objectivos de estabilidade que toda a gente diz querer alcançar. A palavra contençāo traduz uma atitude virtuosa cuja escolha ė ou devia ser, muitas vezes, obrigatória.
Não saber passar do voo do falcão para a serenidade da coruja pode ser um erro grave que faça com que alguns avanços alcançados possam desaparecer, em reapreciações de legislações que foram aprovadas noutros contextos e que não tendo, então, o alargado consenso que agora poderia garantir a continuidade, correm o risco de implosão. Só espero que o sector imobiliário não venha a ser vítima dessas incapacidades em gerar consensos e em fazer pontes. Este sector tem contribuído para a recuperação do país mas não tem tido o reconhecimento devido.
Esta crónica ausência de reconhecimento é, muitas vezes, fruto do desconhecimento do papel que o imobiliário tem desempenhado no crescimento e desenvolvimento do país e das potencialidades que possui para voltar a ser um dos pilares da recuperação económica. Ignorar estas verdades é também pouco prudente, tendo em conta as sempre apregoadas intenções de estabilidade num quadro de governabilidade com vista à criação de emprego e de riqueza. Mas não há qualquer cultura de compromisso que possa resistir se não houver contenção.
Da parte de todos, sem excepção, líderes do associativismo empresarial incluídos.
Luís Lima
Presidente da CIMLOP
presidente@cimlop.com
Publicado no dia 12 de Outubro de 2015 no Diário Económico