O turismo em Portugal, uma das fontes de receita do país, está a resistir às vicissitudes que a conjuntura internacional obrigatoriamente gera, também com o contributo das companhias aéreas de baixo custo que continuam a voar para Portugal, incentivadas pelas autoridades portuguesas ao abrigo de um programa lançado em 2007.
A Iniciativa de Desenvolvimento de Rotas Aéreas de Interesse Turístico (IDRAIT), como se chama tal programa, proporciona um incentivo às companhias de baixo custo (low cost) assegurado pelos Aeroportos de Portugal (ANA), pelos Aeroportos da Madeira (ANAM) e pelas agências regionais de promoção turística.
A dotação deste programa (25 milhões de euros em cinco anos) não pode ser vista como um desperdício pois, na verdade, é um investimento aplicado em companhias aéreas cujas opções podem determinar um maior ou menor fluxo de passageiros para determinadas rotas – só à conta da Ryanair o tráfego no Aeroporto Francisco Sá Carneiro subiu exponencialmente.
Ao contrário do que algumas posições populistas poderão insinuar, a própria TAP, a companhia aérea portuguesa de bandeira, também beneficia dos incentivos da IDRAIT, nomeadamente em apoios para a promoção das mais recentes rotas para Moscovo e Varsóvia, num montante que rondará um milhão de euros em três anos.
Estes expedientes de promoção e de incentivo turístico são acções clássicas de dinamização da Economia e geram retornos muito superiores aos investimentos aplicados. A verba que as companhias recebem, em média, por cada passageiro, é “devolvida” pelos próprios passageiros na primeira refeição ligeira que adquirem em Portugal.
O desenvolvimento económico do nosso país implica uma visão muito mais ampla do que aquela que está subjacente ao sensacionalismo de quem proclama mundos e fundos de desperdícios, que afinal, são verbas de pouca monta, num contexto de uma Economia de um país, e verbas fundamentais para alimentar uma industria tão importante como é a turística.
Um montante de 25 milhões de euros a aplicar num programa de incentivos durante cinco anos será muito para um particular, mas não é para um país, mesmo que o país esteja com apertos orçamentais. Pelo contrário, a situação difícil implica inteligência nos investimentos que se fazem para a contrariar.
A Iniciativa de Desenvolvimento de Rotas Aéreas de Interesse Turístico (IDRAIT) foi, de facto, um acto de inteligência do anterior Governo, felizmente também já ratificado pelo actual Governo, apesar de algumas das vozes discordantes do costume, no caso, projectadas com o sensacionalismo de quem confunde a Economia com as Finanças.
Luís Lima
Presidente da APEMIP
luis.lima@apemip.pt
Publicado no dia 25 de Novembro de 2011 no Sol