A Reunião da Primavera da Confederação da Construção e do Imobiliário de Língua Oficial Portuguesa (CIMLOP), recentemente realizada em São Paulo, no Brasil (da Primavera e não do Outono que se vive agora no Brasil, pois a designação destas reuniões é a referente ao país que detém a presidência e que de momento é Portugal), a Reunião da Primavera da CIMLOP revelou a todos quantos nela participaram um Brasil a viver um outono político e social.
Há instabilidade política, social e económica ao ponto de se falar na possibilidade de ser pedida a destituição (impeachment) da Presidente Dilma Rousseff, uma instabilidade que se adivinhava desde o final do primeiro mandato da presidente e uma instabilidade reforçada pelas opiniões da directora do FMI, a desvalorizar o desempenho do Brasil como país emergente.
Este ambiente pouco primaveril, este ambiente outonal em transição para um Inverno rigoroso abre a possibilidade de muitos investidores brasileiros, incluindo alguns luso-descendentes, poderem ser tentados a investir no estrangeiro, nomeadamente em mercados, como o imobiliário português, que têm vindo a mostrar-se como um mercado seguro de valorização crescente. Num espaço global ou num espaço como o da lusofonia isto pode acontecer quase com naturalidade.
Citando ainda opiniões independentes como a do economista-chefe do Fundo Monetário Internacional, Olivier Blanchard, para quem o Brasil tem crédito de confiança no que ao ajuste fiscal e ao combate da inflação diz respeito, sublinho a constatação de que continua a haver um obstáculo ao investimento e ao crescimento ancorado numa corrupção para alguns endémica.
Não será só por isto que se verifica no Brasil um crescente interesse pelos investimentos no exterior, nomeadamente no imobiliário português, mas isto ajuda a explicar esta exportação de capital brasileiro à procura de mercados seguros para os investimentos que qualquer investidor quer aplicar com segurança mínima e retorno garantidos.
Tudo isto esteve, implícito ou expresso, nas reflexões desenvolvidas em São Paulo, na Reunião da Primavera da CIMLOP, encontro que contou, como convidados da comitiva portuguesa a que tive a honra de presidir, com a significativa presença do Dr. Leite Maia, administrador do banco Santander Totta, e do Engº Jorge Madeira, Diretor de Negócio Imobiliário da Caixa Geral de Depósitos, ambos testemunhas qualificadas desta realidade.
Tudo isto esteve também, implícito ou expresso, nas conversas que dominaram a recepção que o Cônsul Geral de Portugal em São Paulo, Dr. Paulo Lourenço, ofereceu à comitiva portuguesa da CIMLOP, bem como num encontro empresarial, organizado pelo FIABCI Brasil, onde o interesse por mercados imobiliários externos por parte de investidores brasileiros foi evidente, ou na Conferência sobre o imobiliário na lusofonia que o SECOVI – SP, uma das maiores associações empresariais do sector na América Latina e o anfitrião da Reunião da CIMLOP, organizou.
A comprovar que no Brasil, como em Portugal, a estabilidade é condição para o investimento.
Luís Lima
Presidente da CIMLOP
Confederação da Construção e do Imobiliário de Língua Oficial Portuguesa
presidente@cimlop.com
Publicado no dia 22 de Abril de 2015 no Público