Expetativa. É esta a palavra que, para mim, caracterizará o ano de 2018. O ano que passou foi um ano muito positivo para o mercado imobiliário português. Até ao terceiro trimestre, venderam-se 110 847 casas, o melhor número desde o ano 2009, e que é um indicador do bom momento que o sector atravessa.

As estimativas da APEMIP apontam para um total de 152 mil casas vendidas em 2017, número que pode ir até aos 158 numa perspetiva mais otimista. Se assim se confirmar, será um dos melhores anos de sempre do imobiliário português. Números que são o resultado de um trabalho de promoção levado a cabo pela fileira.

A pedra de toque para a retoma dos negócios de compra e venda de casas em Portugal foi, sem dúvida, o investimento estrangeiro. Depois dos anos de estagnação que afetaram o sector, a criação de programas de captação de investimento estrangeiro foi o ponto de partida para a dinamização do mercado imobiliário. Primeiro vieram os estrangeiros cujo investimento estimulou a reabilitação urbana das cidades, criou emprego, e contaminou o mercado doméstico que, aos poucos, também voltou ao mercado de compra e venda também incentivado pela reabertura da torneira do crédito pelo sector financeiro, ainda que com maiores cautelas do que antigamente.

Para o ano que se iniciou, as perspetivas são, para já, positivas, e se não acontecer nenhuma desgraça que nos seja completamente alheia e se o Governo colaborar ao não inventar medidas que possam desincentivar o investimento (falo, por exemplo, da ideia estapafúrdia de deixar nas mãos dos condóminos a decisão sobre se os proprietários de determinada fração poderão colocá-la ou não no mercado de alojamento local). Se tudo correr bem e sem sobressaltos, o imobiliário poderá crescer este ano cerca de 30%.

Um número positivo, que deverá ser também acompanhado por um aumento sustentável dos preços do imobiliário. E sublinho sustentável, pois subidas de preços desmedidas são perigosas para o mercado e para a nossa Economia.

Por isso, também se apresentam no horizonte alguns desafios, que se prendem essencialmente com a necessidade de reposição do stock de ativos, através do regresso à construção nova, em particular nas principais cidades do país, onde a procura está muito superior à oferta existente, desequilibrando o mercado e impulsionando o aumento de preços a níveis que a grande maioria das famílias portuguesas não consegue suportar.

Lisboa e Porto sofrem já deste mal, sendo necessária a urgente aplicação de políticas habitacionais que podem e devem passar pelas mãos do Estado e das Autarquias. Disponibilizar no mercado ativos a preços mais acessíveis ou celebrar parcerias com privados, incentivando-os a construir para colocar no mercado ativos que as famílias e jovens portugueses consigam pagar, são opções que devem estar na mira de quem nos Governa, e há dinheiro para realizar este investimento e estes incentivos, quanto mais não seja através da receita fiscal do IMT ou IMI. 

No que diz respeito ao arrendamento urbano, o Estado começou finalmente a dar os primeiros passos no incentivo ao arrendamento acessível e à dinamização deste mercado, estando previstos incentivos fiscais aos proprietários que coloquem as suas casas no mercado a preços que as famílias consigam suportar, um sinal positivo que, apesar de não resolver decerto todos os problemas, abre o caminho para um futuro mais risonho para um segmento que tem sido votado ao esquecimento ou entregue a medidas ineficazes que nunca tocaram no fundamental: a fiscalidade.

Que este seja mais um ano positivo!

Luís Lima

Presidente da APEMIP

Luislima@apemip.pt

Publicado no dia 17 de janeiro no Jornal Público

Translate »