O fado do imobiliário português não tem necessariamente que cantar a desgraça, tal como a canção de Lisboa, a viver a primeira semana como Património Imaterial da Humanidade, não se esgota em lamúrias de desgraçadinhas e nos desejos dos seus protectores que exorcizavam pelo canto, nos limites da veneração, a miséria em que viviam.

Se as letras dos fados tivessem ficado pela mensagem de quadras bem datadas, como uma que fala de um desejo canalha de beijar alguém e de marcar esse beijo com a ponta de uma navalha, a canção de Lisboa não teria alcançado o elevadíssimo patamar do Património Imaterial da Humanidade, hoje um orgulho de quase todos nós.

O Fado, que por calendários cruzados quase serve de banda sonora aos Encontros que a Federação Internacional do Imobiliário (FIABCI) está a cumprir em Lisboa, numa organização da Associação de Profissionais e Empresas de Mediação Imobiliária de Portugal (APEMIP), como principal membro português da FIABCI, tem renascido ciclicamente graças a renovações oportunas em momentos decisivos.

Não sou especialista de Fado, mas Alain Oulman, um colaborador muito próximo de Amália Rodrigues, Carlos do Carmo ou até Ana Bacalhau de “Os Deolinda” são nomes, de diferentes momentos, que poderão estar associados a essa renovação permanente, sempre que necessária, que ajudou, a par de muitas vozes de sonho, femininas e masculinas, a elevar a canção de Lisboa a Património da Humanidade.

Renovações por vezes tão evidentes e fortes como a que Piazolla deixou ao Tango de Buenos Aires, canção esta – que se dança ao contrário do Fado – que a UNESCO já consagrara como Património Imaterial da Humanidade. Renovações vitais a qualquer linguagem artística que queira ter o seu próprio processo histórico, com altos e baixos, mas com futuro.

É também de futuro que tratamos, quando debatemos o sector da Construção e do Imobiliário, como está a acontecer nestes Encontros do FIABCI, com a certeza de que há renovações urgentes a assumir para que este património material que resulta da Construção e faz o Imobiliário continuar a servir de motor das nossas Economias e a responder às necessidades das populações que serve.

Luís Lima

Presidente da APEMIP

luis.lima@apemip.pt

Publicado no dia 02 de Dezembro de 2011 no Diário de Notícias

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