As empresas que servem o publico, no universo do setor imobiliário, tendo em vista a melhor concretização de soluções imobiliárias, para habitação permanente, para habitação sazonal ou para a instalação de outras empresas, devem – defendo-o há muito – prestar um serviço global e completo aos respetivos clientes e não apenas meio serviço.
Continuo a não aceitar que as empresas que trabalham no setor imobiliário estejam impedidas de prestar alguns serviços que estão claramente ligados ao processo que conduz à compra ou ao arrendamento de um bem imobiliário. Muitas dessas exigências apenas visam manter privilégios de exclusividade para outros.
A maturidade das empresas que têm feito funcionar o mercado imobiliário, nomeadamente nestes tempos de crise e de aperto, há muito que justifica o natural alargamento das respetivas valências profissionais e até a consagração da autorregulação profissional para maior garantia dos interesses do público consumidor e dos próprios interesses do Estado.
Os desafios que se colocam ao setor imobiliário, em plena crise financeira mundial e quando o próprio setor equaciona, entre nós, a passagem do ciclo da quantidade para a qualidade, exigem uma complexidade de saberes que resolvam problemas como os da habitabilidade das cidades e do planeta, num quadro de desenvolvimento sustentado.
Acresce que este setor, que promove, constrói, arquiteta e gere espaços, pode e deve assumir-se, mais do que nunca e de novo, como um dos pilares do crescimento e do renascimento das Economias em crise, seja na reconstrução do património que pede novos ciclos de vida, seja na definição de novos conceitos para as próprias cidades que marcam o futuro e são refúgio seguro para investimentos e poupanças.
Isto só é possível se pudermos agir e olhar globalmente no sector imobiliário, recolocando-o no seu ainda insubstituível papel de locomotiva da Economia. Não a única locomotiva, mas seguramente uma das mais firmes e seguras para o nosso país, neste momento decisivo em que devemos defender o que nos custou tanto e tantos sacrifícios a alcançar sem perdermos de vista as exigências pontuais e específicas que nos condicionam.
Luís Lima
Presidente da APEMIP
luis.lima@apemip.pt
Publicado dia 24 de Agosto de 2012 no Diário de Notícias