Lisboa também merece e pode ser conhecida como uma das cidades eternas do Mundo. Este título não tem de ser exclusivo de Roma. Lisboa também tem condições para ser uma cidade eterna, especialmente se souber olhar para o legado que recebeu ao longo de séculos e séculos a construir-se e a reconstruir-se.
Não se sabe, como alguns vestígios indiciarão, se a cidade foi fundada pelos Fenícios ou se terá sido, na tradição mais romântica, fundada por Ulisses, que lhe terá dado o nome de Olissipo, sendo no entanto certo que tem tantas colinas como Roma – sete no total – e como Roma fica numa margem de um rio, com a vantagem, sobre a capital italiana, de estar na foz e de ser também uma cidade de mar.
Quase tão ocidental como o Cabo da Roca, que é o ponto mais ocidental da Europa continental, Lisboa tem sido, nestes tempos mais próximos, pilar da ponte que une o Velho Continente ao Novo Mundo, promontório sobre o Atlântico a olhar a América do Norte em sonhos de liberdade e de oportunidades
É também cidade de passagem natural e lógica também para o viajante que sai da Costa Ocidental de África a caminho da Europa, dos Estados Unidos da América ou do Canadá, como ficou para sempre registado, nesse clássico do cinema que é Casablanca quando Ilsa (Ingrid Bergman) voa para Lisboa num Lockheed 12 A, na penúltima cena deste filme imortal.
Como Roma tem, por opção, alma Mediterrânica, embora seja do Atlântico, mais precisamente do Atlântico Norte, sendo até uma das cidades mais luminosas da Europa, ombreando pela cor e pela luz tão branca com a de muitos lugares de sonho de Mare Nostrum, esse mar interior onde nasceram tantas civilizações.
Uma cidade assim só chega aos nossos dias por ter sabido construir-se e reconstruir-se permanentemente, incorporando no novo o que vale a pena preservar do antigo como sempre fez, ao longo dos séculos, como qualquer escavação mais profunda pode mostrar quando e se puser a nu o próprio ADN de Lisboa.
Neste virar de septénio, no termo de um século de políticas habitacionais sem grandes rasgos de futuro e sem sustentabilidade, está na hora de encetar um novo ciclo de regeneração e reabilitação da cidade quase tão profundo como o que os elementos da Natureza forçaram há 250 anos.
Sei que os autarcas que foram recentemente reeleitos para Lisboa estão, agora ainda mais legitimados pela expressiva votação recebida, empenhados nesta dinâmica da Reabilitação, uma das bandeiras do presidente António Costa que foi assumida pelos arquitetos Helena Roseta e Manuel Salgado
António Costa e Manuel Salgado voltam a assumir idênticas responsabilidades no novo executivo lisboeta e Helena Roseta, que transitou para a Assembleia Municipal, órgão a que preside, transmitiu seguramente, o testemunho a uma jovem vereadora, Paula Marques, que no anterior mandato era assessora da conhecida arquiteta.
Por conhecimento direto, adquirido em vários encontros que venho mantendo, sei que a Câmara Municipal de Lisboa está a dar corpo efetivo às promessas de Reabilitação Urbana e a abrir corredores que facilitam a entrada de investimentos, nacionais e estrangeiros, nesta área, tão importantes para a capital e para o país.
Só assim Lisboa pode justificar-se como cidade eterna e ser um exemplo de excelência neste campo.
Luís Lima
Presidente da CIMLOP
Confederação da Construção e do Imobiliário de Língua Oficial Portuguesa
presidente@cimlop.com
Publicado no dia 23 de Dezembro de 2013 no Jornal i