Lisboa tem de passar a ser também o destino (e não apenas aeroporto de escala, em trânsito do Brasil para a Europa) pelo menos para o meio milhão de brasileiros que, todos os anos, passam pela Portela sem sair da zona internacional. Portugal tem condições para cativar a visita desses passageiros.
Quem o disse com toda esta clareza foi o presidente do Banco Espírito Santo Investimento (BESI), Dr. José Maria Ricciardi, falando em São Paulo para uma plateia de empresários luso-brasileiros a quem lembrou que em várias áreas, nomeadamente na área do imobiliário e turismo residencial, Portugal é bom para investir.
Estas declarações, proferidas num encontro empresarial luso-brasileiro em São Paulo, organizado no âmbito do Ano de Portugal no Brasil, foram amplamente divulgadas pelos media que sublinhou as oportunidades que existem no mercado imobiliário português, pela qualidade e pelos preços oferecidos.
O assédio de Portugal ao Brasil já não pode, realmente, ser desenvolvido com base no velho apelo da visita à terrinha dos avós, Portugal pode e deve voltar a ser atraente para os brasileiros por outras razões, por razões económicas competitivas e não exclusivamente pelo fado da saudade.
Esta vertente das razões económicas competitivas está também na base dos elogios que o Dr. José Maria Ricciardi fez às recentes medidas de crédito fiscal ao investimento anunciadas pelo ministro das Finanças, Vítor Gaspar, consideradas as primeiras medidas concretas para estimular o novo investimento em Portugal.
Não será ainda a grande bonança que sempre se espera depois de uma grande tempestade, mas é, um sinal positivo, o primeiro visível, depois do profundo e doloroso ajustamento que a Economia portuguesa sofreu com consequências dramáticas no desemprego.
Se o crédito fiscal anunciado por Vitor Gaspar (válido por cinco anos e a conceder em sede de IRC em função dos investimentos que venham a ser realizados até ao fim do ano) puder atrair investimento produtivo que gere emprego em Portugal, talvez possa realmente haver a convicção deste momento poder vir a transformar-se num momento de viragem da nossa economia.
Todos nós precisamos de acreditar nesta possibilidade. Mais ainda, todos nós, independentemente do papel que desempenhamos na sociedade portuguesa, precisamos de fazer tudo o que está ao nosso alcance para que haja condições favoráveis a que se confirme esse tal momento de viragem, o tal momento que, nas palavras do Vitor Gaspar, é o momento do investimento.
E como também disse o presidente do Banco Espírito Santo Investimento, tão importante como os incentivos anunciados é saber aproveitar, positivamente, o impacto da boa notícia, capaz de gerar expectativas aos investidores estrangeiros mas e, sobretudo, aos próprios portugueses que anseiam pela inversão da tendência de queda da economia.
Não será uma varinha mágica para o regresso do desejado crescimento económico, mas essa vontade e a convicta aparência de que esse regresso está a iniciar-se e vai concretizar-se, é tão importante como a própria recuperação, na exata medida em que esta não se fará num clima de desconfiança.
Luís Lima
Presidente da CIMLOP
Confederação da Construção e do Imobiliário de Língua Oficial Portuguesa
presidente@cimlop.com
Publicado no dia 03 de junho de 2013 no Jornal i