Dizem os apreciadores de bom vinho que, quando, numa boa refeição, daquelas refeições com a assinatura de um grande Chefe de Cozinha, alguém pede meia garrafa é certo e sabido que, pelo menos, ficará sempre meia garrafa por pedir.
De igual forma, o público consumidor que procura um profissional da mediação imobiliária para ser apoiado numa transacção imobiliária, não espera, se pretende um serviço de excelência, que lhe sirvam meia mediação e sem hipótese de lhe fornecer, mais tarde, a meia que falta.
A desejada e tantas vezes pré-anunciada alteração da lei que tutela a mediação deverá contemplar o natural alargamento de valências, há muito consideradas inerentes à própria profissão do mediador imobiliário, consagrando não apenas meio serviço, mas, o serviço completo que a mediação imobiliária presta a quem a procura.
Este tem sido um parto difícil , apesar do caminho da mediação imobiliária portuguesa apontar não apenas para a consagração do alargamento dessas competências, mas, até para a própria auto-regulação profissional, uma auto-regulação que confere maior responsabilidade e controlo à própria actividade da mediação imobiliária.
Sábios são os poderes que conhecem onde e como é legítimo e até necessário impor mais Estado, sem deixar de reconhecer onde e como aplicar o conceito de menos Estado, sem qualquer risco e com vantagens para o Mercado. Sábio é o Poder que recusa a meia garrafa de vinho num jantar de requinte que junta a oferta e a procura.
Como escrevi num balanço sobre a actividade da mediação imobiliária em 2009, a nossa intervenção que procura e promove a síntese e o encontro de vários saberes, como os de quem promove, de quem constrói, de quem arquitecta, de quem gere espaços, esta nossa intervenção não se coaduna com uma profissão de meias tintas, a que alguns quererão votar-nos.
Reafirmando esta vontade de querer tudo, termino a dizer, com a certeza da experiência profissional de todos os meus pares, que a recuperação económica que todos pretendemos não se alcança com meias tintas, nem com meia mediação.
Luís Carvalho Lima
Presidente da Direcção Nacional da APEMIP
Publicado dia 30 de Dezembro de 2009 no Jornal de Notícias