Durante o recente Salão Imobiliário de Portugal (SIL2015), ensaiamos, na minha opinião com sucesso, novas fórmulas de dinamização do trabalho de pensar o trabalho e de mostrar, com toda a transparência que o momento exige, que o imobiliário continua a fazer parte da solução que o país necessita e quer.
Um dos expoentes desta nova fórmula, como tudo a necessitar de aperfeiçoamentos, foi o modelo de seminário da Associação de Profissionais e Empresas de Mediação Imobiliária de Portugal (APEMIP), diferente do habitual, com painéis de especialistas e empresários do sector, que, no caso, debateram a importância do investimento estrangeiro no imobiliário português e a importância estratégica do arrendamento urbano para a sustentabilidade do imobiliário português.
Os debates que marcaram a recente edição do SIL — muitos deles a cruzar olhares que contemplavam sensibilidades dos três principais polos (ou três hélices) para o desenvolvimento da Economia e das sociedades, ou seja o olhar do Estado, o olhar da Universidade e o olhar do Mundo Empresarial — não foram menos profundos do que outros, mais privados ou mais públicos, que marcaram aquela semana tão atípica no que à política diz respeito.
Bastará lembrar, por exemplo, que um dos painéis do seminário da APEMIP reuniu praticamente o pleno da Comissão de Acompanhamento do Mercado de Arrendamento Urbano (CAMAU) , um fórum da chamada sociedade civil, dinamizado pelo associativismo empresarial e civico, que é, na prática, uma instância de concertação muito importante se tivermos em conta que o mercado de arrendamento incluiu senhorios e inquilinos.
Neste painel, cruzaram-se quase todas as sensibilidades que existem no mercado do arrendamento urbano e ouviram-se as razões pelas quais quer inquilinos quer proprietários discordam, por razões obviamente diferentes, de certos aspectos da lei em vigor, ou como quer inquilinos quer proprietários reconhecem o exagero do peso da fiscalidade que incide sobre o património construído.
Compreendendo que os políticos tenham declinado todos os convites para participarem nestes encontros, tendo em conta a delicadeza da semana e o esforço de diplomacia que está a ser pedido a todos ou a quase todos, estranho, no entanto, que ninguém destes quadrantes, tivesse aproveitado estes fóruns, mesmo que na discreta situação de meros observadores.
Ouvir representantes de associações de proprietários de imóveis revelar com que ânimo poderão aceitar contratos de arrendamento por valores de rendas relativamente baixos, em nome do negócio,e por oposição á tese de quem defende a manutenção das casas sem inquilinos à espera de interessados com capacidade para pagar o que consideram justo, foi um dos momentos do debate que muito interessaria a quem tem mais vocação para exercer o poder político executivo.
Isto já para não falar na abordagem da possibilidade do arrendamento urbano poder voltar a ser um mercado vocacionado para captar poupanças tendo em vista a obtenção de rendimentos que sejam um complemento de reforma para quem faz essas aplicações de poupanças. Um tema político que está, seguramente, entre os mais quentes da actual agenda política – o tema da segurança social a cruzar-se com o do emergente tema dos plafonamentos.
Como disse num outro momento do SIL, neste salão de referência do imobiliário também se discutiu e debateu o que o país, no seu todo, tem estado e continua a estar a debater para identificar as dificuldades e os constrangimentos que sempre existem e para, de seguida, identificar as oportunidades que existem e as soluções possíveis de escolha no futuro.
Luís Lima
Presidente da CIMLOP
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Publicado no dia 14 de Outubro de 2015 no Público