Como empresário e dirigente associativo do movimento empresarial temo que, a “mão invisível” que Adam Smith idealizou para tocar as sociedades no sentido de evitar desequilíbrios esteja em greve e não atue no sentido que devia atuar, em matéria de criação de emprego.

Isto interessa aos setores que dependem, exclusivamente, dos rendimentos do trabalho mas também aos setores que esperam a remuneração do capital. A seta a apontar para baixo, que fala em menos férias, menos pontes, menos feriados, menos proteção no emprego e menos proteção no desemprego, também afetará a remuneração do capital.

Como ainda há dias citava, todas as experiências com sucesso no combate a crises semelhantes ensaiaram sempre outras soluções, ou seja o crescimento do emprego num quadro de politicas macroeconómicas que combinam investimento, produtividade, crescimento económico e emprego.

O inevitável desaparecimento das classes médias que o contínuo crescimento do desemprego pode gerar, nomeadamente em zonas urbanas periféricas, é também preocupante pelo que implica na quebra do mercado e da procura interna com todas as consequências que isso acarreta para o crescimento.

Num cenário nada famoso para a Europa a que Portugal pertence, o colapso do setor da Construção e do Imobiliário português, que poderá lançar para o desemprego, a curto prazo, mais 140 mil pessoas a juntar aos mais de 13% da população que já não têm emprego, é algo que também deve preocupar os empresários.

Eis uma razão, mais outra a juntar às razões elementares de ordem ética para com os nossos filhos, para não deixarmos passar o comboio da Reabilitação Urbana, um comboio que pode arrancar rumo a um crescimento lento e paulatino com algumas carruagens bem ligadas, como é o caso da carruagem do mercado de arrendamento urbano.

A Reabilitação Urbana tem, desde logo, o importante papel de poder recuperar muito emprego perdido no setor da Construção e do Imobiliário (algumas dezenas de milhares de postos de trabalho, de imediato), nomeadamente entre trabalhadores de pouca formação profissional e de idade desadequada a uma eficaz requalificação.

Não podemos encolher os ombros a uma realidade que contém perigos de profunda insatisfação social, centrada na incompreensão de politicas que parecem olhar muito mais e de forma mais condescendente para a Economia que sustenta o Sistema Financeiro do que para a chamada Economia real que afeta a maioria da população.

Luís Lima

Presidente da APEMIP

luis.lima@apemip.pt

Publicado no dia 21 de Janeiro de 2012 no Jornal de Notícias

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