O associativismo empresarial, como outros movimentos importantes para o equilíbrio das sociedades e dos Estados onde atuam, corre, pelas características que o marcam, alguns riscos de sobrevivência ou, pelo menos, de eficácia, riscos mais evidentes em tempos de aperto como os que se vivem e quando é muito mais confortável acomodarmo-nos no nosso canto à espera que a crise passe em vez de agirmos no sentido de fazer com que a própria crise passe mais depressa.

Esta nobre atividade, que se equipara, correspondendo no plano empresarial, à importância da atividade sindical, incorpora muito de ação voluntária e, mesmo assim, consome meios financeiros muito elevados para as disponibilidades existentes, num quadro de dificuldades que devem ser permanentemente equacionadas em nome da própria necessidade de sobrevivência destes movimentos associativos legítimos e determinantes para o equilíbrio já referido.

Todos quantos, como eu, têm assumido responsabilidades neste campo sentem que é cada vez mais difícil aceitá-las, nestes duros tempos que não se compadecem com amadorismos nem podem esperar que os potenciais dirigentes associativos empresariais, todos eles também empresários, aceitem oferecer às associações uma dedicação quase sem limite nem retorno e quase sempre em regime de exclusividade involuntária.

Acresce que ao trabalho de definir objetivos e de desenhar as estratégias e as táticas para os alcançar, ainda se exige a quem assume o leme destes voluntariados associativos a ingrata missão de conseguir financiamentos adequados ou, como muitas vezes é o caso, de adequar os gastos aos sempre escassos financiamentos disponíveis. Os serviços mínimos de uma associação empresarial são muitos e dispendiosos.

Estes serviços passam pelos gabinetes jurídicos, pelos gabinetes de estudos, pelos departamentos de formação e de informação, pelas despesas de representação, por custos de viagens e até, pelo aparentemente simples envio de comunicações postais, uma dor de cabeça para quem tem de as pagar, especialmente quando os destinatários são aos milhares e veem nesta correspondência uma espécie de prova de vitalidade do próprio movimento associativo.

Estas reflexões sobre o futuro sustentável do movimento associativo empresarial ganham maior justificação quando renovamos mandatos, como ainda recentemente aconteceu na Confederação da Construção e do Imobiliário de Língua Oficial Portuguesa (CIMLOP), a que presido, ou na Confederação Portuguesa da Construção e do Imobiliário (CPCI), onde assumo a vice-presidência.

Momentos como estes proporcionam, ou deviam proporcionar, debates em torno dos próprios paradigmas do movimento associativo empresarial, tendo em vista o máximo aproveitamento das sinergias possíveis, podendo implicar, por exemplo, ganhos operacionais e financeiros em soluções que melhorem a prestação de muitos dos serviços necessários, nomeadamente entre instituições de natureza muito semelhante que podem, com vantagens, unir serviços e departamentos, sem perderem a respectiva identidade.

 

Luís Lima

Presidente da CIMLOP

Confederação da Construção e do Imobiliário de Língua Oficial Portuguesa

presidente@cimlop.com

 

 

Publicado no dia 01 de maio de 2013 no Público

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