Espero, sinceramente, que o próximo Orçamento de Estado, o que virá a ser aprovado para 2014,  não desminta o Senhor Presidente da República que em recente entrevista a um jornal sueco, país que visitou durante três dias, sublinhou o facto de Portugal ter saído da recessão e estar a registar crescimento.

Nas palavras que o jornal cita de Cavaco Silva, “Portugal já saiu da recessão e apresenta o maior crescimento de toda a União Europeia”. Só isto já justificaria que as obrigações do Estado português pudessem registar taxas de juro mais baixas nos mercados financeiros, terá dito o Presidente que é Economista e foi professor de Economia.

Outro economista e professor de Economia, Manuel Caldeira Cabral, defende que o Governo deve pedir mais tempo à Troika e suavizar o corte de 4 mil milhões de euros, sob pena do 2014 poder vir a ser o quarto ano consecutivo de recessão e não o ano de crescimento que todos desejamos e Cavaco Silva anunciou.

Para Manuel Caldeira Cabral é preferível ter um défice acima do previsto mas garantir crescimento do que insistir na meta do défice que, a ser atingida, gerará também a continuação da recessão por via da já crónica retração do mercado interno pela diminuição dos rendimentos dos portugueses em níveis incompatíveis com uma procura interna capaz de ajudar a Economia.

Este economista diz que “a última coisa que Portugal precisa é de um quarto ano consecutivo de recessão”. Tenho de sublinhar este aviso à navegação política, um aviso que toca diretamente no anunciado corte de quatro mil milhões de euros. Uma pessimista perspectiva para as boas notícias que o Presidente da República quis deixar na Suécia, boas notícias que parecem não estar verdadeiramente garantidas.

Outros alertas levantados para um cenário de escasso ou nulo alívio fiscal para as famílias em 2014, mesmo admitindo-se o levantamento das taxas extraordinárias no IRS, falam de investimentos que ainda não estão vocacionados para o aumento da produção e lembram que as exportações não crescem até ao céu.

A urgente e reclamada moderação da austeridade imposta à população portuguesa é condição indispensável para que qualquer outra receita prescrita com vista à nossa recuperação económica possa resultar. Sem efeitos positivos visíveis para o dia a dia das pessoas, não há promessa de recuperação que ganhe a confiança de quem a sofre, por melhores palavras que se digam relativamente à capacidade de sacrifício dos portugueses.

Não basta dizer que esta ou aquela decisão supostamente assumida para gerar uma melhoria significativa para a Economia e para a vida de todos nós vai resultar e é a medida certa e única para os nossos males. É preciso que esses passos sejam acompanhados de sinais concretos de alívio sobre as difíceis condições em que a generalidade da população vive.

Sob pena de reincidirmos na recessão, contra a vontade de todos e a promessa de alguns, pelo quarto ano consecutivo e muito para lá dos mil dias de pesadelo que outros quiseram marcar como limite para esta provação.

Luís Lima
Presidente da CIMLOP
Confederação da Construção e do Imobiliário de Língua Oficial Portuguesa
presidente@cimlop.com

Publicado no dia 7 de Outubro de 2013 no Diário Económico

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