Certamente por analogia com o conceito de fadiga dos materiais, que é uma falha que pode ocorrer em condições bastante inferiores às inicialmente definidas como limite de resistência, o Fundo Monetário Internacional (FMI) fala no risco que os países sob proteção externa correm de “fadiga da austeridade”.

O FMI diz claramente que, a insistência nas soluções exclusivamente centradas na austeridade pode ser contraproducente perante a evidência de um arrefecimento cada vez maior da Economia, defendendo como prioridade as metas orçamentais estruturais em detrimento dos chamados objectivos nominais.

É bom sublinhar, por exemplo, que o chefe da missão do FMI em Portugal, Abebe Selassie, tem vindo a reconhecer que a austeridade pode ter de abrandar, ainda no corrente ano, como forma de compensação pela quebra de procura interna e pelo abrandamento de atividade na Zona Euro.

A diminuição dos “spreads” que são aplicados aos títulos de dívida pública de Portugal parece ser uma prova do reconhecimento dos mercados relativamente ao “sucesso do programa de ajuda”, refere aquele responsável do FMI que se manifestou também convicto de um certo regresso à normalidade por parte da Economia portuguesa em 2013.

A ideia de normalidade, neste contexto, é a possibilidade de Portugal poder voltar a pedir empréstimos nos mercados a juros compatíveis com uma perspectiva realística de crescimento e sem o aval de terceiros, como acontece no momento atual. 

Desde que se acautele aquele risco de fadiga da austeridade, que poderá fazer com que cheguemos a uma ruptura antes do tempo limite teoricamente projetado.

Luís Lima

presidenta da APEMIP

luis.lima@apemip.pt

Publicado no dia 23 de julho de 2012 no Jornal i

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