O preocupante aumento do número de insolvências de empresas pode ameaçar “dissolver” alguns sectores ou reduzi-los a expressões quase insignificantes, com todas as consequências para a Economia do país, a começar pelas pessoas que vivem e dependem do trabalho que exercem nessas áreas de atividade.

Sectores como os da Restauração ou do Imobiliário, que no crescimento económico verificado nas décadas mais recentes asseguraram percentagens muito significativas do PIB e do volume de emprego, estão a viver momentos mais difíceis do que a situação aconselha, apesar das vicissitudes globais.

Pese embora a continua elevação dos níveis de formação profissional de quem trabalha nestes sectores, como noutros, a verdade é que uma percentagem elevada do desemprego, que está a gerar-se em atividades como as citadas, atinge portugueses de menor formação e de idade relativamente elevada.

O ciclo que se inicia com tanta insolvência de empresas, a bater, entre nós, neste ano olímpico, todos os recordes anteriores, é potencialmente muito preocupante na medida em que vai sobrecarregar o Estado Social, aumentando-lhe a despesa, ao mesmo tempo que a perda de poder de compra faz diminuir a procura interna.

Mais do que nunca, voltando a citar o antigo presidente norte-americano Bill Clinton, devemos dividir deveres e benefícios por todos, compartilhando as responsabilidades destes tempos difíceis, mas sem condenar alguns a uma “morte” prematura e injusta que a ninguém beneficia.

Também na Economia ninguém deve ser descartável, o que nos obriga a todos a fazer muito mais para inverter algumas tendências preocupantes.

Luís Lima

Presidente da APEMIP

luis.lima@apemip.pt

Publicado no dia 17 de setembro de 2012 no Jornal i

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