Releio um artigo que escrevi, há mais de um ano, cujo título, bem moderado, apesar de alguns terem considerado o contrário, dizia que os bancos são como a mulher de César, isto é, não lhes basta ser sérios.
À época, os bancos centrais faziam descer as taxas de referência e, em conformidade as taxas EURIBOR também desciam, mas, apesar do dinheiro estar mais acessível para a banca, esta não fazia reflectir esta realidade junto do público, nomeadamente junto das pequenas empresas que procuravam crédito até para resolver problemas de liquidez.
O busílis da questão estava nos “spreads” que subiam numa tendência que alguns consideravam estranha dizendo que, afinal, as injecções de dinheiros públicos nos sistemas financeiros pareciam beneficiar apenas o sector financeiro.
Lembro-me de dizer que, este esticar da corda dos “spreads” dos bancos em patamares elevados para os clientes empresariais mais frágeis, podia ser grave, e não ajudaria nada a criar um clima de confiança na opinião pública relativamente aos bancos, o que também seria muito mau.
Também citei economistas insuspeitos, como Paul Krugman, Nobel de 2008, e os norte-americanos Nassim Nicholas Taleb e Nouriel Roubini, que sugeriam que, Obama deveria impor que os bancos concedessem mais crédito em troca das ajudas que recebiam do Governo. Caiu o Carmo e a Trindade.
Há dias, quando li que o lucro de alguma banca portuguesa tinha subido para 1,4 mil milhões de euros (mais 14% em 2009 do que em 2008) ,disse, cá para mim, que era tema a abordar, mas com um título diferente do que utilizei há um ano.
Luís Carvalho Lima
Presidente da Direcção Nacional da APEMIP
Publicado dia 20 de Fevereiro de 2010 no Expresso