Uma casa não é um carro que desvaloriza significativamente, no minuto em que é adquirido e sai do stand. Em regra, o património imobiliário valoriza-se constantemente, embora apenas ligeiramente acima da inflação. Esta média, comprovada em observações de longo prazo, é o retrato fiel da segurança do investimento em bens imobiliários.

Bem ligada ao património imobiliário está a questão central da habitação, considerada um direito pela lei fundamental do país, que, na prática, é assegurado pelo mercado, salvo em situações limite, percentualmente minoritárias, que tenham gerado a intervenção directa dos poderes, central e ou local.

Como a lógica deste mercado não é exclusivamente social – embora esse vector esteja sempre presente -, há momentos em que é possível inventariar centenas de milhares de imóveis devolutos, alguns dos quais degradados ou a precisar de obras profundas, sem que tais números correspondam ao número de famílias que precisam de casas e não as têm.

Um dos problemas deste mercado reside, precisamente, na tentação, que também atinge políticos e jornalistas, de cruzar as legítimas preocupações sociais geradas pela dificuldade de oferecer habitação a certos sectores carenciados da população com os problemas inerentes ao próprio mercado imobiliário, no equilíbrio entre as respectivas Oferta e Procura.

Discernir, com rigor, sobre estas matérias é uma tarefa atribuível a muitos níveis, a começar na banca que poderá e deverá voltar a assumir o seu papel mais clássico, que é o de conceder crédito para que os mercados, imobiliário incluído, funcionem. Uma casa não se envia para a sucata aos doze anos. Não há cemitérios de casas, como há de carros.

Luís Carvalho Lima
Presidente da Direcção Nacional da APEMIP

Publicado dia 28 de Novembro de 2009 no Expresso

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