Bruxelas, de acordo com informações supostamente provenientes da Comissão Europeia, terá dado um mês ao ministro português das Finanças, Vitor Gaspar, para apresentar um plano B pronto a ser acionado se houver nova derrapagem relativamente ao Orçamento de Estado para 2013, na perspectiva dos limites ao défice.
Um cenário que já se perspectiva no horizonte com as projeções de quebra nas receitas do Estado, numa significativa mas compreensível diminuição em cerca de 5% na cobrança de impostos, estatisticamente já verificada, situação para a qual algumas pessoas, como por exemplo a antiga ministra das Finanças e antiga líder do Partido Social Democrata, Drª Manuela Ferreira Leite, já tinham alertado.
Barroso, Durão Barroso, presidente da Comissão Europeia reconheceu, recentemente, que os sacrifícios que alguns cidadãos europeus estão a sofrer, nomeadamente nos países que pediram resgates financeiros, resultam de dívidas excessivas contraídas pelos Estados e de “comportamentos financeiros irresponsáveis no sector privado”, mas nada adiantou sobre os referidos planos B.
De Berlim, não se esperam bolas, muito menos doces e recheadas, nem talvez palmadinhas nas costas, à conta da nossa condição de bons alunos, sabendo-se, como sabemos bem, que algumas dessas palmadinhas costumavam trazer um b escrito num papel que os nossos supostos amigos, disfarçadamente, colavam nas nossas costas para que toda a gente – menos nós que exibíamos o b – acabasse numa galhofa generalizada.
Quando os limites em matéria de receitas do Estado já terão sido ultrapassados, ouvir falar em planos B, mesmo que eles tentem apenas referir-se à despesa, é verdadeiramente assustador, em especial para as famílias da classe média, que tradicionalmente aguentam e ajudam a dinamizar a Economia, mas que não vêem qualquer plano B que seja desenhado em função das suas angústias.
Nem sequer um plano B que retarde e facilite a satisfação de compromissos anteriormente assumidos, mas agora altamente comprometidos por outros planos, de outras letras, que entretanto se impuseram sem que deles minimamente suspeitássemos quando fomos conduzidos por caminhos que nos colocaram neste cenário de filme de classe B, ou seja, de baixo e fraco orçamento e imaginação.
Luís Lima Presidenta da APEMIP e
Presidente da CIMLOP Confederação da Construção e do Imobiliário de Língua Oficial Portuguesa
luis.lima@apemip.pt
Publicado no dia 27 de outubro de 2012 no Jornal de Notícias